Retornando, depois do túmulo, aos
companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer observação aflitiva ou
desnecessária.
Não rememora os sucessos amargos
que lhe precederam a flagelação no madeiro.
Não se reporta à leviandade do
discípulo invigilante que O entregara à prisão, osculando-Lhe a face.
Não comenta as vacilações de Pedro
na extrema hora.
Não solicita os nomes de quantos
acordaram em Judas a febre da cobiça e a fome de poder.
Não faz qualquer alusão aos
beneficiários sem memória que Lhe desconheceram o apostolado, ante a hora da
cruz.
Não recorda os impropérios que Lhe
foram atirados em rosto.
Não se refere aos caluniadores que
Lhe escarneceram o amor e o sacrifício.
Não reclama reconsiderações da
justiça.
Não busca identificar quem Lhe
impusera às mãos uma cana à guisa de cetro.
Não se lembra da turba que Lhe
ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte que os espinhos
dilaceravam.
Ressurgindo da sombra, afirma
apenas, valoroso e sem mágoa: -“Eis que
estarei convosco até o fim dos séculos...”
E prosseguiu trabalhando...
Esse foi o gesto do Cristo de Deus
que transitou na Terra, sem dívidas e sem máculas.
Relembremos o próprio dever, à
frente das pedradas que nos firam a rota, a fim de que a paciência nos ensine a
esperar a passagem das horas, porquanto cada dia, nos traz, a cada um,
diferentes lições.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Abrigo. Lição nº 19. Página 87.
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