segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

FAMILIARES E AMIGOS


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Rumo Certo. Lição nº 20. Página 77.

No torvelinho das preocupações em torno dos familiares queridos, pausemos, de algum modo, para enxergá-los, não com os olhos da afeição possessiva, e sim na posição de criaturas de Deus, como são, tanto quanto nós.
Queríamos talvez que eles cressem pelos nossos padrões; no entanto, possuem caminhos outros pelos quais chegarão às mesmas fontes de fé em que se nos apóia a existência.
Desejávamos pensassem pelas idéias que nos orientam a estrada, mas trazem consigo vocações e tendências, ideal e visão muito diversos daqueles que nos caracterizam a marcha.
Aspirávamos a tê-los no mesmo trabalho que mais se nos adapta à maneira de ser; todavia, nem sempre se destinam a fazer aquilo que nos compete realizar.
Anelávamos situá-los nos figurinos de felicidade que nos parecem mais justos e aconselháveis; entretanto, permanecem guiados pelo Governo da Vida para outros tipos de felicidade que ainda não chegamos a conhecer.
Às vezes, não nos conformamos ao vê-los sofridos ou inquietos, porém, é forçoso considerar que, como nos ocorre, estarão carregando débitos e compromissos que, nem nós e nem eles, resgataremos sem dificuldade ou sem dor.
Por tudo isso, aprendamos a observar nos entes amados criaturas independentes de nós, orientadas, frequentemente, noutros rumos e matriculadas em outras classes, na escola da experiência.
E, acima de tudo, reconhecendo quão importante se faz a liberdade para o desempenho das obrigações que nos foram assinaladas, saibamos respeitar neles a liberdade que igualmente desfrutamos, perante as Leis do Universo, a fim de crescerem e se aperfeiçoarem na condição de livres Filhos de Deus.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O EVANGELHO


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Coletânea do Além. Lição nº 52. Página 118.

Entre a Manjedoura e o Calvário, guarda-se a lição eterna do Cristo. Na primeira, ergue-se a humildade, clarificando o caminho dos homens; no segundo, erguem-se a esperança e a resignação na Providência Divina.
Nesses dois capítulos, imensos pela sua expressão simbólica, encerra-se todo o monumento de filosofias do Cristianismo.
Vinte séculos decorreram.
Os primeiros mártires da fé edificaram as bases da doutrina do Crucificado sobre a face do mundo. Uma luz poderosa irradiava-se da cruz, iluminando as estradas da evolução em todo o Planeta.
Todos os deuses do politeísmo romano desapareceram dentro do novo conhecimento da verdade. A poesia grega, que ainda era a fonte essencial da inspiração do mundo, teve as suas bases regeneradas pela doce lição da Divina Vítima.
Mas, a ambição de domínio sobrepõe-se ao sacrifício e ao martírio. O imperialismo romano não tardou a se manifestar, travestido nas mitras episcopais e a grande lição do Calvário foi esquecida, no abismo das exterioridades religiosas. A má-fé e o embuste rodearam o Evangelho, enegrecendo-lhe as páginas, e a figura luminosa do Cristo foi adaptado por todas as filosofias, por todas as escolas e interesses particulares. O Evangelho serviu de instrumento para lutas e morticínios. Os homens, tocados de egoísmo e ambição, procuraram torcer-lhe os ensinos, como se estes se constituíssem de textos de leis humanas e falíveis.
Raros corações entenderam o “amai-vos” da lição imorredoura do Sublime Enviado.
E o resultado da grande incompreensão é presentemente vivido pela vossa época de supremas angústias.
Será, talvez, ociosa a vós outro nossa insistência no exame da civilização em curso, falha de valores espirituais. Acresce notar, porém, que o nosso esforço deve caracterizar-se pelo trabalho de encaminhar a luz divina ao vosso entendimento.
O mundo, na atualidade, experimenta transições angustiosas e rudes. Para a culminância da luta desde crepúsculo de civilização, as corridas armamentistas, no Planeta, custa às nações fabulosas fortunas por dia, ignorando-se, na estatística exata, os elementos despendidos na educação do povo e na assistência às massas. No entanto, os políticos, os falsos sacerdotes e todos os cientistas da Terra, enganam-se em suas ingratas cogitações.
A direção do orbe pertence a Jesus, cuja mão divina permanece no leme, apesar da escuridão da noite e não obstante a força destruidora da procela.
Os grandes gênios da Espiritualidade Superior reúnem-se no Infinito, examinando o curso dos humanos destinos, e, enquanto lembrais, em vossa assembleia humilde, o vulto luminoso da cruz, prepara-se no ilimitado um novo dia para o conhecimento terrestre.
O Cristianismo marcou uma era diferente e os séculos futuros viverão à claridade de uma outra luz que, em breve, raiará nos horizontes da Terra, para o coração aflito e sofredor da humanidade.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

DEUS VIRÁ



Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Amor e Sabedoria de Emmanuel, por Clóvis Tavares - Breve Antologia de Emmanuel. Lição nº 02. Página 139.

Não esmoreças sob o fardo das provações e nem te desanimes na bruma das lágrimas.
Nas horas mais difíceis da senda terrestre, recorda que Deus virá em nosso auxílio.
Ouvirás quem te fale dos triunfos retumbantes do mal, convidando-te à cessação de qualquer esforço no bem, sob o pretexto de que o mal se acha escorado pelas enormes legiões daqueles que dele auferem as vantagens de superfície. Não discutas. Servirás incessantemente ao bem comum, na certeza de que Deus virá, pelas vias do tempo, repor os bons no lugar justo.
Assinalarás a presença daqueles que te fazem sentir que os desentendimentos do mundo não se coadunam com o trabalho da paz, com a desculpa de que o homem tem necessidade da guerra como imperativo da evolução. Não discutas. Darás todo o apoio à sustentação da concórdia, onde estejas, consciente de que Deus virá, pelas vias do tempo, estabelecer a solidariedade perfeita entre as nações.
Escutarás longas dissertações acerca da deterioração dos costumes, inclinando-te a descrer da dignidade social. Não discutas. Serás fiel no respeito a ti mesmo e não te retirarás do dever retamente cumprido, na convicção de que Deus virá, pelas vias do tempo, reajustar os setores convulsionados da comunidade humana, recolocando cada um deles em caminho certo.
Muitas vezes, na própria trilha pessoal, amargos vaticínios te procurarão da parte de muitos companheiros, tentando fixar-te o campo mental nas mais escabrosas questões da caminhada do dia a dia...
Ouviremos referências inquietantes em torno de compromissos que tenhamos abraçado, de pessoas a quem nos afeiçoamos, de instituições a que oferecemos o melhor conteúdo de nossas aspirações para a vida mais alta...
Respeitemos a todos os informantes amigos que nos solicitem a atenção para a influência do mal e, tanto quanto nos seja possível, cooperemos com eles na extinção do mal.
Entretanto, guardemos o coração invariavelmente na túnica luminosa da esperança, orando e trabalhando, vigiando e servindo, convencidos de que Deus, cuja infinita bondade nos sustentou ontem e nos sustenta hoje, sustentar-nos-á igualmente amanhã.
Sejam quais forem as aflições e desafios da estrada, nunca te deixes intimidar pela força das trevas e faze brilhar no próprio coração a mensagem inarticulada do amor eterno que a luz dos céus abertos te anuncia, cada manhã, de horizonte a horizonte: “Deus Virá.”

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

ORAÇÃO E CURA

Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 14. Página 49.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 176 - Parágrafo 8º. Reunião pública de 19/02/1960

Recorres à oração, junto desse ou daquele enfermo, e sofres, quando a restauração parece tardia.
Entretanto, reflete na Lei Divina a que todos, obrigatoriamente, nos entrosamos.
Isso não quer dizer devamos ignorar o martírio silencioso dos companheiros em calamidade do campo físico.
Para tanto, seria preciso não haver sentimento.
Sabemos, sim, quanto dói seguir, noite a noite, a provação dos familiares, em moléstias irreversíveis; conhecemos, de perto, a angústia dos pais que recolhem no coração o suplício dos filhinhos torturados no berço; partilhamos a dor dos que gemem nos hospitais como sentenciados à pena última, e assinalamos o tormento recôndito dos que fitam, inquietos, em doentes amados, os olhos que se embaciam...
Observa, porém, o quadro escuro das transgressões humanas que nos rodeiam.
Pensa nos crimes perfeitos que injuriam a Terra; na insubmissão dos que se rendem às sugestões do suicídio, prejudicando os planos da Eterna Sabedoria e criando aflitivas expiações para si mesmos; nos processos inconfessáveis dos que usam a inteligência para agravar as necessidades dos semelhantes e na ingratidão dos que convertem o próprio lar em reduto do desespero e da morte...
Medita nos torvos compromissos dos que se acumpliciam agora com os domínios do mal, e perceberás que a enfermidade é quase sempre o bem exprimindo reajuste, sustando-nos a queda em delitos maiores.
Organizemos, assim, o socorro da oração, junto de todos os que padecem no corpo dilacerado, mas, se a cura demora, jamais nos aflijamos.
Seja o leito de linho, de seda, palha ou pedra, a dor é sempre a mesma e a prece, em toda parte, é bênção, reconforto, amparo, luz e vida.
Lembremo-nos, no entanto, de que lesões e chagas, frustrações e defeitos, em nossa forma externa, são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

FATALIDADE

Fonte: Google imagens 

Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Indulgência. Lição nº 09. Página 51.

A fatalidade do mal é sempre uma criação devida a nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.
Um campo confiado ao império da erva daninha converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.
Assim corre em nosso esforço cotidiano.
Não precisamos remontar a existências passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.
Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de experiência as mais difíceis posições morais contra nós.
Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor ao redor de nossa presença.
Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso; e, mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os agentes do mal.
Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstâncias, em nossa luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, a mais elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.
“Acharás o que procuras”, disse-nos o Senhor.
E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a colheita melhor de amanhã.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

JOVENS DIFÍCEIS


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Na Era do Espírito. Lição nº 08; Página 53.

Terás talvez contigo jovens difíceis para instalar convenientemente na vida.
Inquestionavelmente, é preciso apoiá-los quanto se nos faça possível.
Capacitemo-nos, porém, de que ampará-los não será traçar-lhes a obrigação de copiar-nos os tipos de felicidade ou vivência.
Claro que não nos compete o direito de abandoná-los a si próprios quando ainda inexperientes.
Entretanto, isso não significa devamos destruir-lhes a vocação, furtando-lhes a autenticidade em que se lhes caracteriza a existência.
Sonharemos para nossos filhos, no mundo, invejável destaque nas profissões liberais com primorosas titulações acadêmicas, mas é possível hajam renascido conosco para os serviços da gleba, aspirando a adquirir duros calos nas mãos a fim de se realizarem na elevação que demandam.
De outras vezes ideamos para eles a formação do lar em que nos premiem o anseio de possuir respeitáveis descendentes.
No entanto, é possível estejam conosco para longas experiências em condições de celibato, carregando problemas e provas que lhes dizem respeito ao burilamento espiritual.
Às vezes, gritamos revoltados contra eles, exigindo nos adotem o modo de ser.     Frequentemente, porém, se isso acontece, acabamos por perdê-los em mãos que lhes deslustram os sentimentos ou lhes estragam a vida, quando não os empurramos, inconscientemente, para a furna dos tóxicos ou para os despenhadeiros do desequilíbrio mental com que se matriculam nos manicômios.
Compadece-te dos filhos que pareçam diferentes de ti.
Aceita-os como são e auxilia a cada um deles na integração com o trabalho em que se façam dignos da vida que vieram viver.
Ampara-os sem imposição e sem violência.
Antes de te surgirem à frente por filhos de teu amor, são filhos de Deus, cujo Amor Infinito vela em nós e por nós.
Ainda mesmo quando evidenciem características inquietantes, abençoa-os e orienta-os, quanto possível, a fim de que se mantenham por esteios vivos de rendimento do bem no bem comum.
E mesmo quando não te possam compartilhar do teto e se te afastem da companhia, a pretexto de independência, abençoa-os mesmo assim, compreendendo que todos nós, desde que nos vinculemos à ordem e ao trabalho no dever que nos compete, sem prejudicar a ninguém, desfrutamos por Lei Divina o privilégio de descobrir qual é para nós o melhor caminho de agir e servir, viver e sobreviver.

sábado, 12 de outubro de 2019

MEDIUNIDADE E PRIVILÉGIOS


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 31. Página 103.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 306.
Reunião pública de 02/05/1960

Todos estamos concordes em que a Doutrina Espírita revive agora o Cristianismo puro; no entanto, há muita gente que lhe estranha a organização, sem os chamados valores nobiliárquicos que assinalam a maioria das instituições terrestres.
À força de se iludirem com a idolatria, que sempre nos custa caro, muitos companheiros, menos vigilantes, desejariam condecorar trabalhadores da Nova Revelação, criando galerias para o relevo pessoal. E se pudessem determinar o rumo das coisas, no consenso opinativo, decerto que há muito estaríamos mobilizando doutrinadores-chefes e médiuns-titulares, com as nossas casas de serviço perdendo tempo em mesuras e rapapés.
Entretanto, não há uma só frase na Codificação Kardequiana em que se recomende tratamento especial a esse ou àquele médium porque fale com mestria ou materialize desencarnados, porque transmita força curativa ou psicografe livros renovadores.
A preocupação fundamental dos emissários divinos, na formação de nossos princípios, foi, aliás, edificar moralmente a instrumentação mediúnica em bases de simplicidade e desinteresse, para que ela “corresponda às vistas da Providência”.
Não existem, desse modo, médiuns maiores ou médiuns menores, favorecendo, entre nós, a constituição de prerrogativas e castas.
Tanto na mensagem do Evangelho, quanto na mensagem do Espiritismo, o que prevalece, acima de tudo, é a responsabilidade para cada um de nós.
Responsabilidade de sentir e pensar, de falar e fazer.
Não temos o direito de enfeitar os outros com os brasões da excessiva confiança, para que realizem o trabalho que nos compete.
Por essa razão, todos os operários da construção espírita são respeitáveis.
Os doutrinadores que se esmeram em socorrer um irmão obsidiado através de entendimento particular, estão fazendo obra idêntica aos que usam brilhantemente a palavra, arrebatando multidões, e os médiuns que grafam compêndios santificantes não são superiores àqueles outros que se consagram à restauração dos enfermos.
Sustentar a ideia espírita, indene de qualquer imaginária fidalguia para aqueles que a servem, é dever para todos nós.
Na formação cristã não sobraram privilégios para ninguém.
O próprio Cristo, que se revelou pelo que fez e pelo que deixou de fazer, não se furtou ao sacrifício e à humilhação.
Algum tempo depois dele, Tiago, filho de Zebedeu, foi assassinado, Estevão caiu sob injúrias e pedras, Simão Pedro foi conduzido ao martírio extremo e Paulo de Tarso tombou, sob golpes de espada, por estarem, todos eles, ensinando a verdade e praticando o bem.
Hoje, não podemos precisar de que modo desencarnarão os médiuns espíritas ocupados em tarefa libertadora das consciências, mas é importante que vivam atendendo aos próprios deveres, para que recebam corretamente a morte, quando não seja na palma do heroísmo, pelo menos na dignidade do trabalho edificante.

sábado, 5 de outubro de 2019

LEMBRANDO ALLAN KARDEC



Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Doutrina Escola. Lição nº 05. Página 29.
Mensagem recebida em 22.09.1942. Lida aos 03.10.1942, durante a 3ª Concentração Espírita de São Paulo, no Ginásio do Pacaembu.

Depois de se dirigir aos numerosos missionários da Ciência e da Filosofia, destinados à renovação do pensamento do mundo no século XIX, o Mestre aproximou-se do abnegado João Huss e falou, generosamente:
- Não serás portador de invenções novas, não te deterás no problema de comodidade material à civilização, nem receberás a mordomia do dinheiro ou da autoridade temporal, mas deponho-te nas mãos a tarefa sublime de levantar corações e consciências.
A assembleia de orientadores das atividades terrestres estava comovida.
E ao passo que o antigo campeão da verdade e do bem se sentia alarmado de santas comoções, Jesus continuava.
- Preparam-se os círculos da vida planetária a grandes transformações nos domínios do pensamento. Imenso número de trabalhadores no mundo, desprezando o sentido evolucionário da vida, crê na revolução e nos seus princípios destruidores, organizando-lhe movimentos homicidas. Em breve, não obstante nossa assistência desvelada, que neutralizará os desastres maiores, a miséria e o morticínio se levantarão no seio de coletividades invigilantes.
A tirania campeará na Terra, em nome da liberdade, cabeças rolarão nas praças públicas em nome da paz, como se o direito e a independência fossem frutos da opressão e da morte.
Alguns condutores do pensamento, desvairados de personalismo destruidor, convertem a época de transição do orbe em turbilhão revolucionário, envenenando o espírito dos povos.
O sacerdócio organizado em bases econômicas não pode impedir catástrofe. A Filosofia e a Ciência intoxicaram as próprias fontes de ação e conhecimento!...
É indispensável estabelecer providências que amparem a fé, preservando os tesouros religiosos da criatura.
Confio-te a sublime tarefa de reacender as lâmpadas da esperança no coração da humanidade.
O Evangelho do Amor permanece eclipsado no jogo de ambições desmedidas dos homens viciosos!...
Vai, meu amigo.
Abrirás novos caminhos à sagrada aspiração das almas, descerrando a pesada cortina de sombras que vem absorvendo a mente humana.
Na restauração da verdade, no entanto, não esperes os louros do mundo, nem a compreensão de teus contemporâneos.
Meus enviados não nascem na Terra para serem servidos, mas por atenderem às necessidades das criaturas.
Não recebem palmas e homenagens, facilidades e vantagens terrestres, contudo, minha paz os fortalece e levanta-os, cada dia...
Muitas vezes, não conhecem senão a dificuldade, o obstáculo, o infortúnio, e não encontram outro refúgio além do deserto.
É preciso, porém, erigir o santuário da fé e caminhar sem repouso, apesar de perseguições, pedradas, cruzes e lágrimas!...
Ante a emoção dos trabalhadores do progresso cultural do orbe terrestre, o abnegado João Huss recebeu, a elevada missão que lhe era conferida, revelando a nobreza do servo fiel, entre júbilos de reconhecimento.
Daí a algum tempo, no albor do século XIX, nascia Allan Kardec em Lyon, por trazer a divina mensagem.
Espírito devotado, jamais olvidou o compromisso sublime.
Não encontrou escolas de preparação espiritual, mas nunca menosprezou o manancial de recursos que trazia em si mesmo. E, como se quisera demonstrar que as fontes do profetismo devem manar de todas as regiões da vida para sustentáculo e iluminação do espírito eterno, embora no quadro dos grandes homens do pensamento, estimou desferir os primeiros vôos de sua missão divina na zona comum onde permanece a generalidade das criaturas.
Consoante a previsão do Cristo, a Revolução Francesa preparara com sangue o império das guerras napoleônicas.
Enquanto os operários da cultura moderna lançavam novas bases ao edifício do progresso mundial, o grande missionário, sem qualquer preocupação de recompensa ou exibicionismo, dá cumprimento à tarefa sublime.
E foi assim que o século XIX, que recebeu a navegação a vapor, a locomotiva, a eletrotipia, o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cabo submarino, a anestesia, a turbina a vapor, o fonógrafo, a máquina de escrever, a luz elétrica, o sismógrafo, a linotipo, o radium, o cinematógrafo e o automóvel, tornou-se receptor da Divina Luz da Revivescência do Evangelho.
O discípulo dedicado rasgou os horizontes estreitos do ceticismo e o plano invisível encontrou novo canal a fim de projetar-se no mundo, atenuando-lhe as sombras densas e renovando as bases da fé.
Alguns dos companheiros de luta espiritual, embora em seguida às hostilidades do meio, recebiam aplausos do mundo e proteção de governos prestigiosos, mas emissário de Jesus, no deserto das grandes cidades, trabalhava em silêncio, suportando calúnias e zombarias, vencendo dificuldades e incompreensões.
Ao fim da laboriosa tarefa, o trabalhador fiel triunfara.
Em breve, a Doutrina Consoladora dos Espíritos iluminava corações e consciências, nos mais diversos pontos do globo.
É que Allan Kardec, se viera dos círculos mais elevados dos processos educativos do mundo, não esquecera a necessidade de sabedoria espiritual.
Discípulo eminente de professores consagrados, como Pestalozzi, não esqueceu a ascendência do Cristo.
Trabalhador no serviço da redenção, compreendeu que não viera à Terra por atender a caprichos individuais e sim aos poderes superiores da vida.
Sua exemplificação é um programa e um símbolo.
Conquistando a auréola dos missionários vitoriosos, não se incorporou à galeria dos grandes do mundo, por que apenas indicasse o caminho salvador à humanidade terrestre.
Allan Kardec não somente pregou a doutrina consoladora; viveu-a.
Não foi um simples codificador de princípios, mas um fiel servidor de Jesus e dos homens.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

FACULDADES MEDIÚNICAS

                          Imagem: Google imagens 

Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 48. Página 145.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 159. Reunião pública de 01/07/1960

Há diversidade de dons espirituais, mas a Espiritualidade é a mesma.
Há diversidade de ministérios, mas é o mesmo Senhor que a todos administra.
Há diversidade de operações para o bem; todavia, é a mesma Lei de Deus que tudo opera em todos.
A manifestação espiritual, porém, é distribuída a cada um para o que for útil.
Assim é que a um, pelo espírito, é dada a palavra da sabedoria divina e a outro, pelo mesmo espírito, a palavra da ciência humana.
A outro é confiado o serviço da fé e a outro o dom de curar.
A outro é concedida a produção de fenômenos, a outro a profecia, a outro a faculdade de discernir os Espíritos, a outro a variedade das línguas e ainda a outro a interpretação dessas mesmas línguas.
No entanto, o mesmo poder espiritual realiza todas essas coisas, repartindo os seus recursos particularmente a cada um, como julgue necessário.
Quem analise despreocupadamente o texto acima, decerto julgará estar lendo moderno autor espírita, definindo o problema da mediunidade; contudo, as afirmações que transcrevemos saíram do punho do apóstolo Paulo, há dezenove séculos, e constam no capítulo doze de sua primeira carta aos coríntios.
Como é fácil de ver, a consonância entre o Espiritismo e o Cristianismo ressalta perfeita, em cada estudo correto que se efetue, compreendendo-se na mensagem de Allan Kardec a chave de elucidações mais amplas dos ensinos de Jesus e dos seus continuadores.
Cada médium é mobilizado na obra do bem, conforme as possibilidades de que dispõe.
Esse orienta, outro esclarece; esse fala, outro escreve; esse ora, outro alivia.
Em mediunidade, portanto, não te dês à preocupação de admirar ou provocar admiração.
Procuremos, acima de tudo, em favor de nós mesmos, o privilégio de aprender e o lugar de servir.

terça-feira, 5 de março de 2019

ORAÇÃO E CURA

                          Imagem: Google imagens 

Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 14. Página 49.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 176 - Parágrafo 8º. Reunião pública de 19/02/1960

Recorres à oração, junto desse ou daquele enfermo, e sofres, quando a restauração parece tardia.
Entretanto, reflete na Lei Divina a que todos, obrigatoriamente, nos entrosamos.
Isso não quer dizer devamos ignorar o martírio silencioso dos companheiros em calamidade do campo físico.
Para tanto, seria preciso não haver sentimento.
Sabemos, sim, quanto dói seguir, noite a noite, a provação dos familiares, em moléstias irreversíveis; conhecemos, de perto, a angústia dos pais que recolhem no coração o suplício dos filhinhos torturados no berço; partilhamos a dor dos que gemem nos hospitais como sentenciados à pena última, e assinalamos o tormento recôndito dos que fitam, inquietos, em doentes amados, os olhos que se embaciam...
Observa, porém, o quadro escuro das transgressões humanas que nos rodeiam.
Pensa nos crimes perfeitos que injuriam a Terra; na insubmissão dos que se rendem às sugestões do suicídio, prejudicando os planos da Eterna Sabedoria e criando aflitivas expiações para si mesmos; nos processos inconfessáveis dos que usam a inteligência para agravar as necessidades dos semelhantes e na ingratidão dos que convertem o próprio lar em reduto do desespero e da morte...
Medita nos torvos compromissos dos que se acumpliciam agora com os domínios do mal, e perceberás que a enfermidade é quase sempre o bem exprimindo reajuste, sustando-nos a queda em delitos maiores.
Organizemos, assim, o socorro da oração, junto de todos os que padecem no corpo dilacerado, mas, se a cura demora, jamais nos aflijamos.
Seja o leito de linho, de seda, palha ou pedra, a dor é sempre a mesma e a prece, em toda parte, é bênção, reconforto, amparo, luz e vida.
Lembremo-nos, no entanto, de que lesões e chagas, frustrações e defeitos, em nossa forma externa, são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

CARIDADE E TOLERÂNCIA


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 35. Página 115.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Capítulo XXXI - Dissertação XIII. Reunião pública de 16/05/1960.

Milhares de criaturas esperavam-no coroado de louros, numa carruagem de glória.
Ele, o Grande renovador, deveria surgir numa apoteose de exaltação individual.
O trono dourado.
O cetro imponente.
O laurel dos triunfadores.
A túnica solar.
Os olhos injetados de orgulho.
O verbo supremo.
A exibição de riquezas.
Os espetáculos de poder.
A escolta angélica.
As sentenças inapeláveis.
Jesus, porém, caminha entre os homens, à maneira de servidor vulgar, de vilarejo em vilarejo.
Veste-se conforme as usanças dos que o cercam.
Apostoliza em lares e barcos emprestados.
Ouve atenciosamente mulheres consideradas desprezíveis.
Atende a homens conhecidos por malfeitores.
Serve-se à mesa de pessoas classificadas como indignas.
Abraça crianças desamparadas.
Socorre doentes anônimos.
Acolhe a todos por amigos, a ponto de aceitar como discípulo aquele que desertaria, dominado pela ambição.
Recebe remoques e injúrias de quantos lhe exigem sinais do espírito.
E parte do mundo, banido, entre ladrões, sob violência e sarcasmo; no entanto, em circunstância alguma condena ou amaldiçoa, mas sim suporta e ajuda sempre, respeitando nos seus ofensores filhos de Deus que o tempo renovará.
Também na Doutrina Espírita, indene de todo cárcere dogmático, a indagação campeia livremente.
Cristianismo redivivo, qual acontecia na época da presença direta do Senhor, junto dela hoje enxameiam, de mistura com os corações generosos que amam e auxiliam, as antigas legiões dos desesperados, dos escarnecedores, dos indecisos, dos investigadores contumazes, dos inquisidores da opinião, dos perseguidores gratuitos, dos gênios estéreis, dos cépticos frios e dos ignorantes sequiosos de privilégios, por doentes da alma...
Entretanto, se Jesus, que foi o Embaixador Divino, para manter-se ligado à Esfera Superior exerceu a caridade e a tolerância em todos os graus, como fugir delas, nós, espíritos endividados perante a Lei, necessitados do perdão e do amparo uns dos outros?
É por isso que, em nossas atividades, precisamos todos de obrigação cumprida e atitude exata, humildade vigilante e fé operosa, com a caridade e a tolerância infatigáveis para com todos, sem desprezar a ninguém.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

TEMPO E SERVIÇO


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Religião dos Espíritos. Lição nº 91. Pagina 253.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.
Questão nº 683. Reunião pública de 21/12/1959

Terminando as tarefas de cada dia, podes, perfeitamente, efetuar o balanço das próprias horas.
Tempo de higiene. Conheceste os mais finos produtos da assepsia necessária ao teu conforto.
Tempo de lanche. Conheceste o café mais saboroso ou o leite mais puro.
Tempo de dever. Conheceste os melhores cálculos e as técnicas mais justas, valorizando o próprio interesse ou mecanizando as próprias atividades.
Tempo de refeição. Conheceste os acepipes mais agradáveis ao paladar.
Tempo de conversa. Conheceste pessoas e problemas, assuntos e comentários, convites e propostas que, ainda agora, te batem mentalmente às portas do espírito.
Tempo de distração. Conheceste passeios e entretenimentos diversos.
Tempo de leitura. Conheceste noticiários e livros, escolhendo reportagens e autores que mais te alimentem as emoções.
Tempo de repouso. Conheceste os mais adequados processos de descansar, preferindo leitos ou poltronas, redes generosas ou bancos acolhedores ao ar livre.
Conheceste, assim, algo de tudo o que representa conforto e segurança, rotina e convenção no caminho diário.
Entretanto, fazendo o inventário de teus impulsos e palavras, movimentos e ações, recorda que a Lei Divina te conhece igualmente.
Não por teu nome, nem pelo espaço que ocupas.
Não por teu título, nem pelos direitos que te competem.
Não por tua crença religiosa, nem pelo consolo que ela te dá.
Não pela extensão dos teus dias, nem por teu grupo doméstico.
Na Esfera Superior és visto pelo que fazes.
O auxílio que prestas ao bem dos outros é nota de crédito em tua ficha.
E como a Divina Bondade te deixa livre para fazer o bem como queiras, onde queiras e quando queiras, depende de ti limitar o repouso, olvidar o que seja inútil e evitar o que prejudica, a fim de atenderes, em regime de ação constante, ao serviço do bem, e seres assim mais amplamente conhecido e naturalmente credenciado diante da Lei de Deus.
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