quinta-feira, 31 de outubro de 2019

FATALIDADE

Fonte: Google imagens 

Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Indulgência. Lição nº 09. Página 51.

A fatalidade do mal é sempre uma criação devida a nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.
Um campo confiado ao império da erva daninha converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.
Assim corre em nosso esforço cotidiano.
Não precisamos remontar a existências passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.
Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de experiência as mais difíceis posições morais contra nós.
Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor ao redor de nossa presença.
Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso; e, mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os agentes do mal.
Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstâncias, em nossa luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, a mais elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.
“Acharás o que procuras”, disse-nos o Senhor.
E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a colheita melhor de amanhã.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

JOVENS DIFÍCEIS


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Na Era do Espírito. Lição nº 08; Página 53.

Terás talvez contigo jovens difíceis para instalar convenientemente na vida.
Inquestionavelmente, é preciso apoiá-los quanto se nos faça possível.
Capacitemo-nos, porém, de que ampará-los não será traçar-lhes a obrigação de copiar-nos os tipos de felicidade ou vivência.
Claro que não nos compete o direito de abandoná-los a si próprios quando ainda inexperientes.
Entretanto, isso não significa devamos destruir-lhes a vocação, furtando-lhes a autenticidade em que se lhes caracteriza a existência.
Sonharemos para nossos filhos, no mundo, invejável destaque nas profissões liberais com primorosas titulações acadêmicas, mas é possível hajam renascido conosco para os serviços da gleba, aspirando a adquirir duros calos nas mãos a fim de se realizarem na elevação que demandam.
De outras vezes ideamos para eles a formação do lar em que nos premiem o anseio de possuir respeitáveis descendentes.
No entanto, é possível estejam conosco para longas experiências em condições de celibato, carregando problemas e provas que lhes dizem respeito ao burilamento espiritual.
Às vezes, gritamos revoltados contra eles, exigindo nos adotem o modo de ser.     Frequentemente, porém, se isso acontece, acabamos por perdê-los em mãos que lhes deslustram os sentimentos ou lhes estragam a vida, quando não os empurramos, inconscientemente, para a furna dos tóxicos ou para os despenhadeiros do desequilíbrio mental com que se matriculam nos manicômios.
Compadece-te dos filhos que pareçam diferentes de ti.
Aceita-os como são e auxilia a cada um deles na integração com o trabalho em que se façam dignos da vida que vieram viver.
Ampara-os sem imposição e sem violência.
Antes de te surgirem à frente por filhos de teu amor, são filhos de Deus, cujo Amor Infinito vela em nós e por nós.
Ainda mesmo quando evidenciem características inquietantes, abençoa-os e orienta-os, quanto possível, a fim de que se mantenham por esteios vivos de rendimento do bem no bem comum.
E mesmo quando não te possam compartilhar do teto e se te afastem da companhia, a pretexto de independência, abençoa-os mesmo assim, compreendendo que todos nós, desde que nos vinculemos à ordem e ao trabalho no dever que nos compete, sem prejudicar a ninguém, desfrutamos por Lei Divina o privilégio de descobrir qual é para nós o melhor caminho de agir e servir, viver e sobreviver.

sábado, 12 de outubro de 2019

MEDIUNIDADE E PRIVILÉGIOS


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Seara dos Médiuns. Lição nº 31. Página 103.
Estudos e Dissertações em torno da Substância Religiosa de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
Questão nº 306.
Reunião pública de 02/05/1960

Todos estamos concordes em que a Doutrina Espírita revive agora o Cristianismo puro; no entanto, há muita gente que lhe estranha a organização, sem os chamados valores nobiliárquicos que assinalam a maioria das instituições terrestres.
À força de se iludirem com a idolatria, que sempre nos custa caro, muitos companheiros, menos vigilantes, desejariam condecorar trabalhadores da Nova Revelação, criando galerias para o relevo pessoal. E se pudessem determinar o rumo das coisas, no consenso opinativo, decerto que há muito estaríamos mobilizando doutrinadores-chefes e médiuns-titulares, com as nossas casas de serviço perdendo tempo em mesuras e rapapés.
Entretanto, não há uma só frase na Codificação Kardequiana em que se recomende tratamento especial a esse ou àquele médium porque fale com mestria ou materialize desencarnados, porque transmita força curativa ou psicografe livros renovadores.
A preocupação fundamental dos emissários divinos, na formação de nossos princípios, foi, aliás, edificar moralmente a instrumentação mediúnica em bases de simplicidade e desinteresse, para que ela “corresponda às vistas da Providência”.
Não existem, desse modo, médiuns maiores ou médiuns menores, favorecendo, entre nós, a constituição de prerrogativas e castas.
Tanto na mensagem do Evangelho, quanto na mensagem do Espiritismo, o que prevalece, acima de tudo, é a responsabilidade para cada um de nós.
Responsabilidade de sentir e pensar, de falar e fazer.
Não temos o direito de enfeitar os outros com os brasões da excessiva confiança, para que realizem o trabalho que nos compete.
Por essa razão, todos os operários da construção espírita são respeitáveis.
Os doutrinadores que se esmeram em socorrer um irmão obsidiado através de entendimento particular, estão fazendo obra idêntica aos que usam brilhantemente a palavra, arrebatando multidões, e os médiuns que grafam compêndios santificantes não são superiores àqueles outros que se consagram à restauração dos enfermos.
Sustentar a ideia espírita, indene de qualquer imaginária fidalguia para aqueles que a servem, é dever para todos nós.
Na formação cristã não sobraram privilégios para ninguém.
O próprio Cristo, que se revelou pelo que fez e pelo que deixou de fazer, não se furtou ao sacrifício e à humilhação.
Algum tempo depois dele, Tiago, filho de Zebedeu, foi assassinado, Estevão caiu sob injúrias e pedras, Simão Pedro foi conduzido ao martírio extremo e Paulo de Tarso tombou, sob golpes de espada, por estarem, todos eles, ensinando a verdade e praticando o bem.
Hoje, não podemos precisar de que modo desencarnarão os médiuns espíritas ocupados em tarefa libertadora das consciências, mas é importante que vivam atendendo aos próprios deveres, para que recebam corretamente a morte, quando não seja na palma do heroísmo, pelo menos na dignidade do trabalho edificante.

sábado, 5 de outubro de 2019

LEMBRANDO ALLAN KARDEC



Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Doutrina Escola. Lição nº 05. Página 29.
Mensagem recebida em 22.09.1942. Lida aos 03.10.1942, durante a 3ª Concentração Espírita de São Paulo, no Ginásio do Pacaembu.

Depois de se dirigir aos numerosos missionários da Ciência e da Filosofia, destinados à renovação do pensamento do mundo no século XIX, o Mestre aproximou-se do abnegado João Huss e falou, generosamente:
- Não serás portador de invenções novas, não te deterás no problema de comodidade material à civilização, nem receberás a mordomia do dinheiro ou da autoridade temporal, mas deponho-te nas mãos a tarefa sublime de levantar corações e consciências.
A assembleia de orientadores das atividades terrestres estava comovida.
E ao passo que o antigo campeão da verdade e do bem se sentia alarmado de santas comoções, Jesus continuava.
- Preparam-se os círculos da vida planetária a grandes transformações nos domínios do pensamento. Imenso número de trabalhadores no mundo, desprezando o sentido evolucionário da vida, crê na revolução e nos seus princípios destruidores, organizando-lhe movimentos homicidas. Em breve, não obstante nossa assistência desvelada, que neutralizará os desastres maiores, a miséria e o morticínio se levantarão no seio de coletividades invigilantes.
A tirania campeará na Terra, em nome da liberdade, cabeças rolarão nas praças públicas em nome da paz, como se o direito e a independência fossem frutos da opressão e da morte.
Alguns condutores do pensamento, desvairados de personalismo destruidor, convertem a época de transição do orbe em turbilhão revolucionário, envenenando o espírito dos povos.
O sacerdócio organizado em bases econômicas não pode impedir catástrofe. A Filosofia e a Ciência intoxicaram as próprias fontes de ação e conhecimento!...
É indispensável estabelecer providências que amparem a fé, preservando os tesouros religiosos da criatura.
Confio-te a sublime tarefa de reacender as lâmpadas da esperança no coração da humanidade.
O Evangelho do Amor permanece eclipsado no jogo de ambições desmedidas dos homens viciosos!...
Vai, meu amigo.
Abrirás novos caminhos à sagrada aspiração das almas, descerrando a pesada cortina de sombras que vem absorvendo a mente humana.
Na restauração da verdade, no entanto, não esperes os louros do mundo, nem a compreensão de teus contemporâneos.
Meus enviados não nascem na Terra para serem servidos, mas por atenderem às necessidades das criaturas.
Não recebem palmas e homenagens, facilidades e vantagens terrestres, contudo, minha paz os fortalece e levanta-os, cada dia...
Muitas vezes, não conhecem senão a dificuldade, o obstáculo, o infortúnio, e não encontram outro refúgio além do deserto.
É preciso, porém, erigir o santuário da fé e caminhar sem repouso, apesar de perseguições, pedradas, cruzes e lágrimas!...
Ante a emoção dos trabalhadores do progresso cultural do orbe terrestre, o abnegado João Huss recebeu, a elevada missão que lhe era conferida, revelando a nobreza do servo fiel, entre júbilos de reconhecimento.
Daí a algum tempo, no albor do século XIX, nascia Allan Kardec em Lyon, por trazer a divina mensagem.
Espírito devotado, jamais olvidou o compromisso sublime.
Não encontrou escolas de preparação espiritual, mas nunca menosprezou o manancial de recursos que trazia em si mesmo. E, como se quisera demonstrar que as fontes do profetismo devem manar de todas as regiões da vida para sustentáculo e iluminação do espírito eterno, embora no quadro dos grandes homens do pensamento, estimou desferir os primeiros vôos de sua missão divina na zona comum onde permanece a generalidade das criaturas.
Consoante a previsão do Cristo, a Revolução Francesa preparara com sangue o império das guerras napoleônicas.
Enquanto os operários da cultura moderna lançavam novas bases ao edifício do progresso mundial, o grande missionário, sem qualquer preocupação de recompensa ou exibicionismo, dá cumprimento à tarefa sublime.
E foi assim que o século XIX, que recebeu a navegação a vapor, a locomotiva, a eletrotipia, o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cabo submarino, a anestesia, a turbina a vapor, o fonógrafo, a máquina de escrever, a luz elétrica, o sismógrafo, a linotipo, o radium, o cinematógrafo e o automóvel, tornou-se receptor da Divina Luz da Revivescência do Evangelho.
O discípulo dedicado rasgou os horizontes estreitos do ceticismo e o plano invisível encontrou novo canal a fim de projetar-se no mundo, atenuando-lhe as sombras densas e renovando as bases da fé.
Alguns dos companheiros de luta espiritual, embora em seguida às hostilidades do meio, recebiam aplausos do mundo e proteção de governos prestigiosos, mas emissário de Jesus, no deserto das grandes cidades, trabalhava em silêncio, suportando calúnias e zombarias, vencendo dificuldades e incompreensões.
Ao fim da laboriosa tarefa, o trabalhador fiel triunfara.
Em breve, a Doutrina Consoladora dos Espíritos iluminava corações e consciências, nos mais diversos pontos do globo.
É que Allan Kardec, se viera dos círculos mais elevados dos processos educativos do mundo, não esquecera a necessidade de sabedoria espiritual.
Discípulo eminente de professores consagrados, como Pestalozzi, não esqueceu a ascendência do Cristo.
Trabalhador no serviço da redenção, compreendeu que não viera à Terra por atender a caprichos individuais e sim aos poderes superiores da vida.
Sua exemplificação é um programa e um símbolo.
Conquistando a auréola dos missionários vitoriosos, não se incorporou à galeria dos grandes do mundo, por que apenas indicasse o caminho salvador à humanidade terrestre.
Allan Kardec não somente pregou a doutrina consoladora; viveu-a.
Não foi um simples codificador de princípios, mas um fiel servidor de Jesus e dos homens.
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