quarta-feira, 27 de abril de 2016

A INESPERADA RENOVAÇÃO


Pelo Espírito Meimei. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Deus Aguarda. Lição nº 04. Página 25.

Naqueles momentos em que se reconhecia desligado do corpo físico, o homem acabrunhado sentia-se leve, feliz...
Extasiado na excursão que se lhe afigurava um sonho prodigioso, alcançou o recanto luminescente em que notou a presença do Cristo...
Reverente, abeirou-se do Cristo e rogou:
- Senhor!... Ouve-me por misericórdia! Amo-te e quero servi-te...
Desde muito tempo, aspiro a matricular-me na assembleia dos que colaboram contigo na redenção das criaturas, anseio auxiliar aos outros, entretanto, Amado Amigo, estou preso, livra-me do Lar onde me vejo na condição do pássaro encarcerado, moro num ninho de aversões.
Meu pai, talvez, cansado de conflitos estéreis, relegou-nos à própria sorte, minha mãe exerce sobre nós um despotismo cruel.
Trata-nos a nós, seus filhos, à maneira dos objetos de uso particular, flagelando-nos com as exigências de pavorosa afeição possessiva, meus dois irmãos me detestam, senhoreiam indebitamente o que tenho e me humilham a cada instante, se concordo com eles, me ridicularizam e se algo reclamo, ameaçam-me com perseguição e espancamento.
Libera-me, Senhor, da Prisão que me inibe os movimentos, quero agir em teus princípios, amar e servir, qual nos ensinaste...
Ante a ligeira pausa que se fez, Jesus fitou o visitante compassivamente e alegou:
- Lembro-me de tuas solicitações anteriores...
Estavas de passagem, aqui mesmo, na direção do berço terrestre, acompanhado de amigos prestigiosos.
Declaravas-te sequioso de ação no bem e os teus companheiros endossavam-te as afirmativas.
Dizias-te ansioso no sentido de compartilhar-nos as tarefas...
Entendo-te sim, a Construção do Amor é inadiável...
- Senhor, observou o consulente, respeitoso, se entendes o meu ideal e se as minhas petições já se encontram aqui registradas, quem me situou no Lar terrível, no qual me reconheço, à feição de um Doente, atirado a um Serpentário?
O Mestre sorriu e considerou:
- Acreditando em teus propósitos de colaborar conosco, quem te enviou à família em que te encontras, fui Eu mesmo...
Surpreendido com a inesperada revelação, o visitante do mundo espiritual experimentou estranha sensação de queda e acordou no próprio corpo.
Lá fora, os irmãos deblateravam contra a vida, reportando-se a ele com injuriosas palavras.

Ele, porém, assinalou os Insultos que lhe eram endereçados com novos ouvidos, no Silêncio de quem havia conquistado o Troféu de Profunda Renovação.

terça-feira, 19 de abril de 2016

O PRIMEIRO CAPÍTULO



Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Doutrina Escola. Lição nº 01. Página 13.

Allan Kardec, o respeitável professor Denizard Rivail, já havia organizado extensa porção das páginas reveladoras que constituiriam O Livro dos Espíritos.
Devotado observador, aliara inteligência e carinho, método e bom senso na formação da primeira obra que lançaria os fundamentos da Doutrina Espírita.
Não desconhecia que a sobrevivência da alma era tema empolgante no século.
Entretanto, apontamentos e experimentações, em torno do assunto, alinhavam-se desordenados e nebulosos. Os fenômenos do intercâmbio, pareciam ameaçados pela hipertrofia de espetaculosidade.
Saindo de humilde vilarejo da América do Norte, a comunicação com os Espíritos desencarnados atingira os mais cultos ambientes da Europa, originando infrutífero sensacionalismo.
Era necessário surgisse alguém com bastante coragem para extrair do labirinto a linha básica da filosofia consoladora que os fatos consubstanciavam, irrefutáveis e abundantes.
Advertido por amigos da Espiritualidade de que a ele se atribuía, em nome do Senhor, a elevada missão de codificar os princípios espíritas, destinados à mais ampla reforma religiosa, pusera mãos ao trabalho, sem cogitar de sacrifícios.
E adotando o sistema de perguntas e respostas, conseguiria vasta colheita de esclarecimento e de luz.
Guardava consigo preciosas anotações acerca da constituição geral do Universo, surpreendentes informes sobre a vida de além-túmulo e belas asserções definindo as leis morais que orientam a Humanidade.
O material esparso equivalia quase que praticamente ao livro pronto.
Contudo, era preciso estabelecer um ponto de partida.
O primeiro compêndio do Espiritismo, endereçado ao presente ao futuro, não podia prescindir de sólidos alicerces.
E, debruçado sobre a mesa de trabalho, em nevada noite do inverno de 1856, o Codificador interrogava a si mesmo: - Por onde começar?
Pelas conclusões científicas ou pelas indagações filosóficas? Seria justo desligar a Doutrina, que vinha consagrar o antigo ensinamento do Cristo, de todo e qualquer apoio da fé, na construção das bases que lhe diziam respeito?
O conhecimento humano!... - pensava ele - não se modificava o conhecimento humano todos os dias?... As ilações filosófico-científicas não eram as mesmas em todos os séculos... E valeria escravizar o Espiritismo à exaltação do cérebro, em prejuízo do sentimento?
Atormentado, via mentalmente os homens de seu tempo e de sua pátria extraviados na sombra do materialismo demolidor...
A grande revolução que pretendera entronizar os direitos do Homem ainda estava presente no ar que ele respirava. Desde 2 de Dezembro de 1851, o governo de Luis Napoleão, que retomava as linhas do Império, permitia prisões em massa, com deliberada perseguição aos elementos de todas as classes sociais que não aplaudissem os planos do poder. Muitos membros da Assembléia haviam sofrido banimento e mais de vinte mil franceses jaziam deportados, muitos deles sem qualquer razão justa. Homens dignos eram enviados a regiões inóspitas, quando não eram confiados, no cárcere, à morte lenta.
O pensamento do missionário foi mais longe...
Recordou-se de Voltaire e Rousseau, admiráveis condutores da inteligência, mas também precursores da ironia e do terror. Lembrou Condorcet, o filósofo e matemático, envenenando-se para escapar à guilhotina, e Marat, o médico e publicista, assassinado num banho de sangue, quando instigava a matança e a destruição.
Valeria a cultura da inteligência, só por si, quando, a par dos bens que espalhava, podia desmandar-se em sarcasmo arrasador e loucura furiosa?
Com o respeito que ele consagrava incondicionalmente à Ciência e à Filosofia, Kardec orou com todo o coração, suplicando a inspiração do Alto.
Erguia-se-lhe a prece comovente, quando raios de amor lhe envolveram o espírito inquieto e ele ouviu, na acústica da própria alma, vigoroso apelo íntimo: - “Não menosprezes a fé!... Não comeces a obra redentora sem a Bênção Divina!...”.

E o Codificador, nimbado de luz, com a emotividade jubilosa de quem por fim encontrara solução a terrível problema, longamente sofrido, consagrou o primeiro capítulo de O Livro dos Espíritos à existência de Deus.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O ESSENCIAL


Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Caminho Espírita. Lição nº 43; Página 97.

O essencial não será tanto o que reténs. É o que dás de ti mesmo e a maneira como dás.
Não é o tanto o que recebes. É o que distribuis e como distribuis.
Não é o tanto o que colhes. É o que semeias e para que semeias.
Não é o tanto o que esperas. É o que realizas.
Não é o tanto o que rogas. É o que aceitas.
Não é o tanto o que reclamas. É o que suportas e como suportas.
Não é tanto o que falas. É o que sentes e como sentes.
Não é o tanto o que perguntas. É o que aprendes e para que aprendes.
Não é o tanto o que aconselhas. É o que exemplificas.
Não é tanto o que ensinas. É o que fazes e como fazes.
Em suma, na vida do espírito, - a única vida verdadeira, - o essencial não é o que parece. O essencial será sempre aquilo que é.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

SAÚDE E EQUILÍBRIO


Pelo Espírito André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Passos da Vida. Lição nº 17. Página 59.

Para garantir saúde e equilíbrio, prometa a você mesmo:
1 - Colocar-se sob os desígnios de Deus, cada dia, através da oração, e sustentar a consciência tranquila, preservando-se contra idéias de culpa...
2 - Dar o melhor de si mesmo no que esteja fazendo...
3 - Manter coração e mente, atitude e palavra, atos e modos na inspiração constante do bem...
4 - Servir desinteressadamente aos semelhantes, quanto esteja ao alcance de suas forças...
5 - Regozijar-se com a felicidade do próximo...
6 - Esquecer conversações e opiniões de caráter negativo que haja lido ou escutado...
7 - Acrescentar pelo menos um pouco mais de alegria e esperança em toda pessoa com quem estiver em contato...
8 - Admirar as qualidades nobres daqueles com quem conviva, estimulando-os a desenvolvê-las...
9 - Olvidar motivos de queixa, sejam quais sejam...
10 - Viver trabalhando e estudando, agindo e construindo, de tal modo, no próprio burilamento e na própria corrigenda, que não se veja capaz de encontrar as falhas prováveis e os erros possíveis dos outros.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...