Repousando o veiculo denso – o
corpo a que te junges -, o viajor, que és tu mesmo, prossegue na romagem
constante das horas.
E não te faltarão companheiros na
sombra, a copiarem perfeitamente os companheiros que preferes perante a luz.
Se malbaratas o tempo em
conversações infelizes, decerto avançarás, treva a dentro, intoxicando a ti
mesmo com o verbo envenenador.
Se te comprazes no vício,
cerradas as janelas da visão na carruagem carnal, identificarás, junto de ti,
quantos se alimentam à mesa do vampirismo.
Se te confias à cólera e à
agressividade, tão logo te retires do campo físico partilharás o pesadelo dos
que se nutrem de ódio e perseguição.
Se te agrada a idéia de
enfermidade, em cujas teias te conformas, sem qualquer resistência, em favor do
trabalho que te redimiria a imaginação, assim que te afastas do corpo, à
influencia do sono, entrarás na companhia deplorável de doentes do espírito,
que fazem da inércia a sua razão de ser.
Vale-te do dia para criar valores
novos e substanciais que te enriqueçam a vida
Lembra-te de que nossos laços
inferiores com o passado não jazem de todo extintos e numerosos desafetos de
ontem nos espreitam a invigilância de hoje para reconduzir-nos a novas
flagelações amanhã e quase todos aguardam a escuridão para multiplicar apelos
delituosos e sugestões infelizes.
Saibamos conquistar a noite, aproveitando os
recursos do dia para estender o bem, porque no símbolo do sol e da sombra temos
a imagem de vida e da morte, dependendo de nós mesmos fazer da existência um
cântico de beleza e harmonia, fraternidade e trabalho, para que o término de
nossas tarefas represente abençoada renovação.
Psicografia de Francisco Cândido
Xavier
Livro: Caridade. Lição nº 16. Página 61
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