Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
Livro: Roteiro. Lição nº 21. Página 91.
Quando o Mestre confiou ao mundo a
Divina Mensagem da Boa Nova, a Terra, sem dúvida, não se achava desprovida de
sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido
luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas preciosas circulavam por toda
parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a religião.
Os escritores possuíam corpos de
copistas especializados e professores eméritos conservavam tradições e
ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a instrução, em todos os
lugares, mas a educação demorava-se em lamentável pobreza.
O cativeiro consagrado por lei era
flagelo comum.
A mulher, aviltada em quase todas as
regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos.
Homens de consciência enobrecida, por
infelicidade financeira ou por questiúnculas de raça, eram assinalados a ferro
candente e submetidos à penosa servidão, anotados como animais.
Os pais podiam vender os filhos.
Era razoável cegar os vencidos e
aproveita-los em serviços domésticos.
As crianças fracas eram, quase sempre,
punidas com a morte.
Enfermos eram sentenciados ao abandono.
As mulheres infelizes podiam ser
apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados deviam perecer nos campos
de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano desfrutava o direito do
reduzir os governados à extrema penúria, sem ser incomodado por ninguém.
Feras devoravam homens vivos nos
espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.
Rara a festividade do povo que
transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como impositivo natural dos
costumes.
Com Jesus, entretanto, começa uma Era
Nova para o Sentimento.
Condenado ao supremo sacrifício, sem
reclamar, e rogando o perdão celeste para aqueles que o vergastavam e feriam,
instila no ânimo dos seguidores novas disposições espirituais.
Iluminados pela Divina Influência, os
Discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros
dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se casas de socorro para os
necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular.
Pouco a pouco, altera-se a paisagem
social, no curso dos séculos.
Dilacerados e atormentados, entregues
ao supremo sacrifício nas demonstrações sanguinolentas dos tribunais e das
praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os aprendizes do Evangelho
ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza moral e
a esperança.
Há grupos de servidores, que se devotam
ao trabalho remunerado para a libertação de numerosos cativos.
Senhores da fortuna e da terra, tocados
nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao mundo livre.
Doentes encontram remédio, mendigos
acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos são recebidos no lar.
Nova mentalidade surge na Terra.
O coração educado aparece, por
abençoada Luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a afabilidade passam a
reger o campo das boas maneiras e, sob a inspiração do Mestre Crucificado,
homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a encontrar-se com alegria,
exclamando, Felizes: - “Meu Irmão”.
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