Dizes-te pobre; entretanto, milionários de todas as
procedências dar-te-iam larga fortuna por ínfima parte do tesouro de tua fé.
Dizes-te desorientado; contudo, legiões de
companheiros, cujo passo a cegueira física entenebrece, comprar-te-iam por alta
recompensa leve migalha da visão que te favorece, para contemplarem pequena
faixa da natureza.
Dizes-te impedido de praticar o bem; todavia,
multidões de pessoas algemadas aos catres da enfermidade oferecer-te-iam bolsas
repletas por insignificante recurso da locomoção com que te deslocas, de
maneira a se exercitarem no auxilio aos outros.
Dizes-te desanimado; sem te recordares, porém, de
que vastas fileiras de mutilados estariam dispostos a adquirir, com a mais
elevada quota de ouro, a riqueza de teus pés e a bênção de teus braços.
Dizes-te em provação; mas olvidas que, na triste
enxovia dos manicômios, inúmeros sofredores cederiam quanto possuem para que
lhes desses um pouco de equilíbrio e de lucidez.
Dizes-te impossibilitado de ajudar com a luz da
palavra; no entanto, mudos incontáveis fariam sacrifícios ingentes para deter
algum recurso do verbo claro que te vibra na boca.
Dizes-te desamparado; entretanto, milhões de
criaturas dariam tudo o que lhes define a posse na vida para usar um corpo
harmônico qual o teu, a fim de socorrerem os filhos da expiação e do
sofrimento.
Por quem és, não lavres certidão de incapacidade
contra ti mesmo.
Lembra-te de que um sorriso de confiança, uma prece
de ternura, uma frase de bom ânimo, um gesto de solidariedade e um minuto de
paz não têm preço na Terra.
Antes de censurar o irmão que traz consigo a prova
esfogueante das grandes propriedades, sai de ti mesmo e auxilia o próximo que,
muita vez, espera simplesmente uma palavra de entendimento e de reconforto,
para transferir-se da treva à luz.
E, então,
perceberás que a beneficência é o cofre que devolve patrimônios temporariamente
guardados a distância das necessidades alheias, e que a caridade, lídima e
pura, é amor sempre vivo, a fluir, incessante do amor de Deus.
Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Religião dos Espíritos. Lição nº 13. Página 39
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