“Em verdade vos digo que o Céu e a Terra não
passarão sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido,
enquanto reste um único iota e um único ponto.” Jesus - Mateus, 5.18.
A ciência dos homens vem
liquidando todos os problemas, alusivos ao reconforto da Humanidade.
Observou a escravidão do homem
pelo próprio homem e dignificou o trabalho, através de leis compassivas e
justas.
Reconheceu o martírio social da
mulher que as civilizações mantinham em multimilenário regime de cativeiro e
conferiu-lhe acesso às universidades e profissões.
Inventariou os desastres morais
do analfabetismo e criou a grande imprensa.
Viu que a criatura humana tombava
prematuramente na morte, esmagada em atividade excessiva pela própria
sustentação e deu-lhe a força motriz.
Examinou o insulamento dos cegos
e administrou-lhes instrução adequada.
Catalogou os delinquentes por
enfermos mentais e, tanto quanto possível, transformou as prisões em
penitenciárias-escolas.
Comoveu-se, diante das moléstias
contagiosas, e fabricou a vacina.
Emocionou-se, perante os feridos
e doentes desesperados, e inventou a anestesia.
Anotou os prejuízos da solidão e
construiu máquinas poderosas que interligassem os continentes.
Analisou o desentendimento
sistemático que oprimia as nações e ofereceu lhes o livro e o telegrafo, o
rádio e a televisão que as aproxima na direção de um mundo só.
Entretanto, os vencidos da
angústia aglomeram-se na Terra de hoje como enxameiavam na Terra de ontem...
Articulam-se todas as formas e
despontam de todas as direções.
Perderam o emprego, que lhes
garantia a estabilidade familiar e desorientam-se abatidos, a procura de pão.
Foram despejados de teto,
hipotecado à solução de constringentes necessidades e vagueiam sem rumo.
Encontram-se despojados de
esperança, pela deserção dos afetos mais caros, e abeiram-se do suicídio.
Caíram em perigosos conflitos da
consciência e aguardam leve sorriso que os reconforte.
Envelheceram sacrificados pelas
exigências de filhos queridos que lhes renegaram a convivência nos dias da
provação, e amargam doloroso abandono.
Adoeceram gravemente e viram-se
transferidos da equipe doméstica para os azares da mendicância.
Transviaram-se no pretérito e
renasceram, trazendo no próprio corpo os sinais aflitivos das culpas que
resgatam, pedindo cooperação.
Despediram-se dos que mais amavam
no frio portal do túmulo e carregam os últimos sonhos da existência
cadaverizados agora no esquife do próprio peito.
Abraçaram tarefas de bondade e
ternura e são mulheres supliciadas de fadiga e de pranto, conduzindo os
filhinhos que alimentam à custa das próprias lágrimas.
Gemem discretos, e surgem na
forma de crianças desprezadas, à maneira de flores que a ventania quebrou,
desapiedada, no instante do amanhecer.
Para eles, os que tombaram no
sofrimento moral, a ciência dos homens não dispõe de recursos.
É por isso que Jesus, ao
reuni-los em multidão, no tope do monte, desfraldou a bandeira da caridade e,
proclamando as bem-aventuranças eternas, no-los entregou por filhos do
coração...
Companheiro da Terra quando
estendes uma palavra consoladora ou um abraço fraterno, uma gota de bálsamo ou
uma concha de sopa, aliviando os que choram, estás diante deles, na presença do
Cristo, com quem, aprendemos que o único remédio capaz de curar as angústias da
vida nasce do amor, que se derrama sublime, da ciência de Deus.
Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Livro da Esperança. Lição
nº 02. Página 19.