“Qualquer um pode zangar-se
– isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora
certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil.”
Aristóteles, Ética a Nicômaco.

Conter as emoções
destrutivas, segurar sentimentos desequilibrados e racionalizar tudo aquilo que
nos chega, parece não mais fazer parte de nosso comportamento. Há quem defenda,
inclusive, que o correto é colocar para fora tudo aquilo que habita no mundo
íntimo e não guardarmos atitudes de afronta em nossa casa psíquica. Com esse
desequilíbrio mental constante, aumentando a desordem, gerando descontrole e
estresse social, a máxima aristotélica, acima mencionada, torna-se um desafio
quase que impraticável.

De posse do autocontrole
conseguiremos depreender todos os dispositivos de fuga que utilizamos e assim,
poderemos mapear nosso próprio comportamento.Portadores dessas informações e
munidos do respeito ativado pela alteridade, compreenderemos que temperamento é
algo mutável e que, embora os sentimentos não sejam passíveis de controle,os
comportamentos são. Para isso, é imprescindível nossa adaptabilidade ao
processo de aprendizado.
Chegarmos à maturidade sem
dominarmos o campo emocional é o mesmo que entrarmos no mar sem sabermos nadar.
Naufragados em nossas próprias escolhas impensadas, perceberemos que
envelhecemos por fora, mas sucumbimos por dentro.
A solução para essa diáspora
emocional desenfreada é a construção de novos hábitos honrosos e a
desconstrução de estereótipos e vícios. Isto posto, mais conscientes de nosso
papel social e portadores de uma aptidão fundamental pautada na virtude,
conseguiremos promover a alfabetização emocional do ser, inaugurando, consequentemente,
tempos áureos para a civilização humana.
Mário
Portela